Relato de Caso - Nádia
Minha trajetória...
Gostaria de deixar registrado
como tudo começou, como tudo se desenrolou e como tudo está!!!
Um longo caminho se iniciou em
meados de setembro/2011, quando percebi um caroço na mama esquerda. Trabalho em
um hospital de tratamento oncológico e, informalmente procurei um médico do
local de trabalho, inicialmente pediu exames de imagem, ecografia e mamografia
e, posteriormente uma RMN, onde tive o primeiro diagnóstico, a imagem sugeria
mastite granulomatosa crônica, o diagnóstico foi confirmado por uma biopsia
realizada, até então só tinha o nódulo, nada de abcessos, a impressão que tenho
até hoje, é que existe um processo de "amadurecimento" deste nódulo,
até evoluir para o abcesso que, quando
aconteceu, foi um susto gigante, pois apesar do diagnóstico, fui medicada
somente com antibióticos e estes não me traziam melhora alguma.
Como já citei anteriormente, o
primeiro abcesso foi muito traumático, pois nada sabia ainda a respeito, apenas
que era uma inflamação e com o tempo melhoraria, informação trazido pelo
profissional que estava me atendendo, além de informações do "Dr. Google"e,
foi assim até final de fevereiro e começo de março, quando uma colega médica
viu minha mama e me deu um choque de realidade, argumentando que se eu não
realmente tratasse eu perderia a mama em curto prazo, lembro-me que nesta época
minha mama estava totalmente endurecida, como se eu estivesse amamentando,
totalmente empedrada, com nódulos aparentes, febril, este choque de realidade
foi extremamente necessário naquele momento para que eu tivesse um movimento em
busca de outro profissional e, foi o que fiz desesperadamente, às cegas, queria
alguém que não tivesse vinculo com meu local de trabalho ou com o médico que me
acompanhava, o que era muito difícil, levando em conta que trabalho num
hospital de referência.
Mas Deus é maravilhoso, marquei
uma consulta com meu ginecologista/obstetra que estava atendendo em um hospital
recém inaugurado, na intenção de uma indicação, uma orientação, uma luz, devido
a demora do atendimento (atraso de mais de 3h) cancelei a consulta e no próprio
hospital procurei por um mastologista, eis que havia um que tinha acabado de
locar uma sala neste hospital, fui sua primeira paciente (neste hospital - ele
já trabalhava em outra clinica, também oncológica), sempre digo para o meu
médico, que Deus o conduziu em minha direção, pois em pouco tempo deixou de
atender neste hospital, centralizando meu tratamento na clinica que já atuava
(acho que fui a única paciente dele no hospital - na sala locada).
No dia da consulta, levei os
exames de imagem, o anátomo patológico, lembro-me que fui sozinha, ele pediu
muitos, muitos, mas muitos exames laboratoriais, que até então eu nunca tinha
feito por conta do problema da mama e marcou resultado em 02 dias, retornei
para o resultado e neste dia meu mundo caiu, fui orientada por ele sobre
absolutamente tudo que sei hoje a respeito da MGI, lembro-me que ele foi super
honesto, dizendo que estava disposto a me ajudar, porém que por se tratar de
uma doença rara, não tinha experiência nesta patologia, que seguiria os
protocolos de estudos (os poucos que existem), me falou dos efeitos colaterais
do tratamento, da possibilidade de quimioterapia, cirurgias e até mastectomia,
não consigo descrever as emoções, os mistos de sentimentos, a insegurança, o
medo, a revolta de ter perdido praticamente 06 meses sem tratamento adequado,
sem melhoras, só piorando.
Comecei o tratamento com
corticoide, 50mg/dia além de vitaminas e outras medicações para auxiliar no
processo, em 02 dias minha mama estava absolutamente sem nódulos, pedras, ou
febril, fiquei deslumbrada, pensei, pronto ganhei na loteria, melhorou e a vida
volta ao normal, doce ilusão, ali que estava começando uma nova fase da minha
vida, aprender a conviver com a MGI e a me conhecer melhor para que tivesse
maior controle sobre a doença, difícil né? Sim, mas não impossível!
Com o inicio do tratamento minha
vida mudou drasticamente, consultas mensais, exames laboratoriais mensais,
medicações diárias, cheguei a tomar 14 comprimidos por dia, incialmente para
tratamento da MGI e com o passar dos tempos para controle dos efeitos
colaterais do tratamento, principalmente pelo uso contínuo do corticoide, com
tudo isto veio a alteração de pressão, alteração na tireóide, ganho de peso
(esse é triste) e outros :´(
Em março de 2012 comecei o
tratamento de choque como costumo dizer e com o passar do tempo, fomos tentando
diminuir a dosagem do corticoide, somente do corticoide, porém a cada
tentativa, a inflamação aparecia, os abcessos abriam. Tive uma oscilação bem
grande quanto a dosagem do corticoide, cheguei a tomar 20mg/dia e ter que
aumentar para 40mg/dia por conta das crises, até que fui encaminhada para
reumatologista, para segundo meu médico entrar com mais uma medicação e
consequentemente diminuir gradativamente a dosagem do corticoide, o que
acredito que tenha dado resposta, e posteriormente ir diminuindo também a
dosagem da medicação prescrita pela reumato.
Com o passar do tempo fomos
ajustando as medicações, porém desde que iniciei o tratamento nunca deixei de
toma-las e, também com o passar do tempo, fui ficando atenta a cada crise,
quando percebia algum sinal que a inflamação estava começando já tomava dose de
resgate de corticoide (com orientação médica), fiquei atenta em tudo o que
acontecia em minha volta, percebi que cada episódio de inflamação havia outros
fatores externos, crises no casamento, perda do meu pai, conflitos familiares,
problemas no ambiente de trabalho e outros, foi quando em maio/2015 tive minha
última crise e a pior de todas, um
nódulo gigante apareceu, o maior de todos que já tive e, demorou quase
02 meses até chegar no processo de abcesso, dores fortíssimas, foi quando iniciei
com medicação antidepressiva (mais um remedinho para a conta) e um exercício
interno muito difícil, que é descontruir os problemas, tentar
desproblemátiza-los!!!
Hoje, estou 2 anos e 6 meses sem
crises, continuo com as medicações, 9 comprimidos/dia e, no sábado 9 + 4 (4 =
medicação prescrita pela reumatologista), minhas visitas ao meu medico
acontecem a cada 6 meses e na próxima consulta já devo suspender a medicação que
tomo 1 x semana (4comprimidos), já estou com a dose mínima do corticoide
5mg/dia. Toda consulta pergunto para o meu médico quando vou deixar de tomar
todos esses remédios, a resposta é sempre a mesma: “em time que esta ganhando
não se mexe!”
Em todos estes anos, sofri muito,
chorei demais, muitas vezes e, na maioria das vezes sozinha, pensei em
desistir, tive crise em ambas as mamas, o que na literatura não é muito comum,
teve momentos que dava 02 passos para frente e 4 para traz, mas tudo na vida é
um aprendizado. Hoje tenho mais maturidade, me conheço melhor, acho que a idade
também nos traz isso, mas todo este processo que vivi foi essencial para eu ser
quem eu sou hoje, sempre falo que as coisas tem o poder, o tamanho e a
importância que a gente dá!
Além de mim, meu médico hoje
atende mais 01 ou 02 pacientes com o mesmo diagnóstico, mas não esta tendo o
mesmo resultado com estas, a disciplina faz a diferença, o médico faz a parte
dele, Deus nunca nos abandona, sempre cuida da gente, nos dá força para passar
por tudo que passamos, porque acredita em nós, mas a gente também te que fazer
nossa parte!!!
Quero deixar aqui registrado para
que quem estiver passando por isso, que não se sinta só, como me senti quando
tudo começou, que não desanime, que uma hora a doença adormece, uma hora a
gente manda nela e não o contrário, quero deixar registrado que por mais
difícil que seja temos que ter postura diante da MGI, não deixar de viver, não
deixar de fazer o que gosta, não deixar de fazer o que sempre fez, se conhecer,
respeitar seus limites, hoje tenho total
convicção, que nossa postura diante da doença a pontencializa ou não, depende
muito da gente, do auto conhecimento.
Hoje faço parte de um grupo no
whats de mulheres que, a maioria tem o diagnostico confirmado, que estão em
tratamento, ou em remissão, a troca de experiência é única, é impar, quem dera
se eu as tivesse encontrado antes, tenho certeza que estaria em remissão há
muito mais tempo, cada uma tem uma história, uma trajetória de vida, como é bom
compartilhar experiências, medos, inseguranças, isso nos fortalece, hoje eu sei
que esta doença não é rara, rara somos nós, temos que dar a cara, dizer que
existimos e que para que viemos!!!
Deixo aqui registrado um pouco da
minha história, da minha trajetória!!!
Abraço a todas!!!
Nádia muito obrigada por seu relato. Por sua disponibilidade em ajudar. Vc é o máximo!
ResponderExcluirFui diagnosticada agora com essa doença muito obrigada Nádia por conta sua história inspiradora
ResponderExcluirMuito bom o seu relato!
ResponderExcluirAmei os relatos, pois assim não me sinto tão só... Fui diagnósticada com a doença há 8meses....mto difícil o tratamento... O médico está pensando em mastectomia... Gostaria mto de participar do grupo do whatzap
ResponderExcluirComo faço para participar do grupo de Whatsapp?
ResponderExcluirOlá como faço para participar do grupo zap? Estou em tratamento da doença e precisando de apoio e tbm contribuir com as minhas experiências. Bj
ResponderExcluirQueria muito participar do grupo.
ResponderExcluirGostaria de participar do grupo de whatsaap
ResponderExcluirOlá gostaria de participar do grupo!
ResponderExcluirNadja como é o uso do corticoide de resgate?
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